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No quadro em uma das alas do museu de Nürburg, em branco, o desenho do Nordschleife, em vermelho, o Südschleife. |
A Alemanha é um dos berços do esporte a motor, isso ninguém questiona. Desde o início do século passado, a popularidade das competições envolvendo carros, tanto que foi lá que surgiu o embrião do primeiro campeonato: o “Kaiserpreis”, que reunia um número de provas.
Talvez como resultado do aparente sucesso de um circuito construído para corridas como foi o caso de Brooklands, na Inglaterra, e que os alemães utilizaram para fazer testes com seus carros, os nacionalistas exigiam a criação de um circuito permanente no país.
Em 1907 Avus já era uma idéia, mas não uma realidade e a I Guerra Mundial acabou por adiar até o início da década de 20 o início das competições e testes no desafiante circuito que usava uma das “autobahns” como traçado.
Contudo, além do veloz Avus, um outro desafio iria surgir... em 1925, Dr. Otto Creuz, membro do conselho do distrito de Eifel propôs a criação de um circuito utilizando em parte as estradas próximas a cidade de Nürburg e também a construção de outras estradas na região. Em abril daquele ano a moção foi aprovada e submetida à ADAC, órgão do governo alemão que regulamentava o esporte a motor no país.
Konrad Adenauer, prefeito de Colônia que veio a ser chanceler alemão, encampou o projeto e trabalhou firmemente junto ao governo para que o projeto saísse do papel. Ele tinha seus próprios interesses, uma vez que a região passava por uma recessão econômica e os benefícios que seriam gerados com a criação de empregos para a construção e adequação das estradas, beneficiariam em muito a sua administração. Ainda em junho daquele ano, o governo destinou 14,1 milhões de marcos para a execução do projeto.
A imensa obra teve início em fins de setembro de 1925, depois de um acirrado debate de onde as obras iniciariam, uma vez que o planejamento fora dividido em dois setores: o Sul e o norte. Como muitos livros e registros foram queimados durante o governo nazista, existe uma grande falta de informações a respeito de como se deu esta discussão, contudo, os registros existentes apontam para a execução da parte sul, o Südschleife, como tendo sido o início no nascimento do mítico Nürburgring, sendo este setor, o mais antigo do circuito. Apenas após quase dois terços do setor sul estar pronto, foi que passou-se a trabalhar mais firmemente no setor norte, o Nordschleife. Não há registros precisos, mas estima-se que mais de três mil pessoas trabalharam na construção do circuito.
A constução do circuito foi concluída na primavera de 1927, num esforço e velocidade estupendos. A prova inaugural ocorreu no final de semana de 18 e 19 de junho, utilizando o circuito completo. As duas partes tinham, juntas, 28.265 metros (17,5 milhas), sendo o Südschleife, a menor parte, com 7,747 quilômetros (4,8 milhas), inicialmente destinado mais as corridas dos automóveis clubes e aos testes de velocidade e resistência, enquanto o Nordschleife, com 22.835 quilômetros (14,2 milhas) era, a princípio, destinado as provas internacionais. Não pensem que eu desaprendi matemática se ao somar as duas partes der um resultado diferente do que seria o “Gasamstrecke”, o circuito completo. Algumas partes, como as retas oposta e dos boxes, faziam parte dos dois traçados. Uma difícil característica de Nürburgring era a sua largura de pista. Se na reta ela chegava a 20 metros, o sinuoso traçado tinha entre 6,7 e 8,2 metros. O paddock tinha 70 boxes fechados e também foi construída uma torre – a continental tower – utilizada pela cronometragem e direção de prova.
Contudo, nos primeiros anos, as provas foram realizadas no circuito completo, com os mais de 28 Km de extensão. A primeira vez que realizou-se uma prova com apenas uma das partes foi em maio de 1928, na Eifelrennen, onde na corrida final, carros e motos largaram juntos – uma cena rara na época e irrealizável nos dias de hoje – utilizando o Südschleife. Algumas semanas depois, durante uma prova de 220 milhas, foi estabelecido um recorde que demorou a ser batido para os quase 8 Km do Südschleife: 5:00:06.
Nürburgring tem ainda hoje duas particularidades que o tornam um circuito ímpar: uma é a fama desalentadora de ter ceifado diversas vidas durante seu tempo de utilização efetiva, especialmente o Nordschleife, embora o acidente mais famoso tenha sido um sem mortes, o que envolveu Niki Lauda em 1976. A segunda é a de ter sido palco de algumas corridas que são chamadas de “a maior corrida de todos os tempos”, claro que sob os olhos de quem assim as chama.
A reta dos boxes, onde eram dadas as largadas para qualquer dos traçados utilizados tinha pouco mais de 500 metros de comprimento, por 20 de largura. Em sentido horário, ao final desta reta fazia-se um “S” com a primeira perna para a esquerda, praticamente em 90º, se fosse seguir pelo Südschleife, ou um “hairpin” para a direita se fosse seguir para o Nordschleife.
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